Dia Mundial do Câncer: testes genéticos têm mudado cenário para pacientes oncológicos

04.02.23

Técnica permite descobrir predisposição à doença e pode fazer detecção precoce de tumores

Diagnóstico precoce. Duas palavras que a medicina costuma endossar: doenças descobertas em estágios iniciais têm, em geral, muito mais chances de serem curadas. Na oncologia, a premissa é verdadeira para quase todos os tipos de tumores, e são muitas as pessoas afetadas por esse cenário todos os anos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), quase 20 milhões serão diagnosticadas com a doença em todo o mundo. Só no Brasil, cerca de 800 mil indivíduos receberão a notícia até o fim deste ano, diz o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Se os números assustam, os avanços científicos na área dão esperança aos pacientes e profissionais de saúde. Nas últimas duas décadas, a engenharia genética vêm mudando a forma como os tumores e sua predisposição são tratadas, com o desenvolvimento de técnicas que permitem que a doença seja descoberta cada vez mais precocemente e a avaliação de risco de desenvolvimento futuro. E uma dessas inovações, já disponíveis para a população, é a dos testes genéticos.

O procedimento consiste na análise de moléculas do DNA, composto orgânico que carrega as informações genéticas de cada pessoa. Com isso, além de conseguir detectar, por exemplo, recidiva de tumores muito precocemente (e que ainda podem não ser visíveis aos exames tradicionais de imagem), é possível fazer também painéis genéticos para identificação da predisposição de cada indivíduo de desenvolver mutações que levem a cânceres, como de mama, ovário, intestino e colorretal – alguns dos mais comuns no país. Cerca de 10% dos canceres são hereditários.

“Isso muda toda uma forma de se ver, prevenir e tratar o câncer. Se a pessoa tem a informação de que tem mais predisposição para desenvolver algum tumor, ela vai ter acompanhamento de prevenção diferente de outras, com exames mais periódicos, por exemplo. Se ela detecta a doença no início, não só as chances de cura aumentam, como também o tratamento será, muito provavelmente, menos invasivo, melhorando a qualidade de vida do paciente. A engenharia genética vem para mudar o cenário da medicina como um todo – e não só na oncologia”, explica Gustavo Campana, médico e vice-presidente médico da Alliança Saúde, companhia de medicina diagnóstica que realiza a técnica em seu laboratório CDB, em São Paulo.

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